segunda-feira, 5 de maio de 2014

Você pode fazer justiça com as próprias mãos!

Você pode sim fazer justiça com as próprias mãos. 
Aliás, vocês sabiam que o poder emana do povo?!
Pois é. Diariamente a sociedade que vocês vivem precisa de vocês, de cidadãos protagonistas de sua construção. 
Precisa que vocês atuem fiscalizando as ações dos políticos, o funcionamento das instituições públicas, o atendimento dos servidores públicos. 
Vocês podem evitar jogar lixo na rua, pode lutar por acessibilidade no local que trabalha e mora, pode conversar com os amigos - em um encontro de bar mesmo - sobre a naturalização das opressões. 
Pode lutar pela efetivação do funcionamento de delegacias da Mulher 24 horas por dia, pode ensinar seus filhos, sobrinhos, afilhados que a cor da pele precisa ser respeitada e não é característica que permite inferiorizar alguém, pode ensinar que homossexuais merecem ser respeitados e que suas escolhas não o fazem inferiores. 
Precisa espalhar a ideia de que ser trans, bi, travesti não muda o tratamento que devem receber onde quer que estejam. 
Que a prostituição é uma violência contra mulher. 
Que igualdade de gênero não é o ideal, apenas na perspectiva de equidade. 
Vocês podem espalhar por aí que o direito ao acesso à saúde e educação de qualidade é para todos.

- Eu não tenho como fazer tudo isso, é muito difícil!

Difícil?
Difícil é ver Amarildos, Claúdias, Josés, Fabianas, Alailtons, Marcelos serem assassinados!
Desnaturalizar as opressões é a tarefa mais difícil dessa geração contemporânea que carrega crises existenciais sobre diversos aspectos do que é viver e dividir espaços com outros sujeitos. 
Os próprios "avanços" que ela conquista oprimem, segregam seres humanos todos os dias. Todos os dias morremos por causa da fome, do ódio, da falta de educação, da falta de segurança. 
Morremos porque somos mulheres, porque abortamos, porque somos negros, porque andamos sem camisa, porque somos homossexuais, porque somos travestis, transsexuais, trabalhadores.
Morremos porque fazemos "justiça" com as próprias mãos sem mudar nossas realidades.
Espancar alguém até a morte, para mim, não é fazer justiça!
Fazer justiça, para mim, é lutar  d i a r i a m e n t e para que a realidade mude, para quê as maiorias sejam respeitadas, para que o direito de ir e vir exista. 
Não achem que para desnaturalizar as opressões precisamos de muitas armas e instrumentos pesados.
Precisamos de coisas essenciais que vivem na gente: respeito, empatia, vontade de viver em um mundo menos opressor. 
Não, não vou falar amor ao próximo porque ninguém é obrigada a amar ninguém, mas respeitar é um direito seu que não deve ser negado a ninguém. 
Faça justiça com as próprias mãos agora, mas não sendo participantes e cúmplices de assassinatos! 
Multiplique vida, multiplique respeito!

"CONTINUAREMOS EM LUTA ATÉ QUE TODAS E TODOS SEJAMOS LIVRES!"

Jonalva Paranã

Um comentário:

  1. Esses meninos do Mosaico são arretados!
    Parabéns, Jonalva linda!
    Você é nota 1000000...

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