sábado, 7 de março de 2015

Dia oito de março. Qual o seu significado? Para grande parte da sociedade é um dia de parabenizar o sexo "frágil". Um dia de consumismo. Um dia de hipocrisia. Essa data não foi reconhecida como o Dia Internacional da Mulher por acaso. Assim como nenhuma conquista das mulheres são por acaso, não acontecem "naturalmente". Acontecem sim depois de muita LUTA.

Naquele oito de março de 1857 operárias se uniram para lutar por condições dignas de trabalho. Reivindicavam redução na carga horária de trabalho (pois eram desumanas), equiparação de salários com os homens (pois trabalham nas mesmas funções e com a mesma carga horária). A manifestação foi reprimida com total violência. Aquelas mulheres foram mortas lutando por melhorias.

Passaram-se 158 anos. Nós mulheres ainda lutamos por igualdade de salários, mesmo estudando mais e desempenhando as mesmas funções dos homens. Nós mulheres ainda somos oprimidas das mais diversas formas. O que mais presenciamos nesse dia que representa a luta das mulheres contra a opressão?

Vemos aquele homem que quer mandar na nossa roupa, nós parabenizar.
Aquele marido que não  ajuda a cuidar da casa e dos filhos, comprar um presente.
Aquela empresa que não paga o que merecemos, distribui flores.
Vemos a mídia mostrar mulheres em diferentes profissões para lembrar a data, mas não falam de como lutamos para chegar lá.

É importante lembrar dessa data, pois foram nossas irmãs que morreram queimadas lutando por nossos direitos. Porém não queremos receber mensagens falando o que é ser mulher, pois não se define uma mulher, somos MULHERES, cada uma com suas diferenças, mas buscando estar cada vez estar mais unidas contra o machismo e sua violência. Não queremos ouvir "mulher, você é linda", de uma sociedade que dita tantos padrões de beleza.  Não queremos receber parabéns, nem flores, nem chocolates.

Queremos discutir sobre as mulheres que são agredidas fisicamente e verbalmente. Queremos falar sobre as mulheres que são estupradas diariamente. Queremos falar sobre as mulheres que morrem fazendo abortos.

Queremos nesse dia  FORTALECER a nossa LUTA que é DIÁRIA.

PS: Foto do fanzine produzido ano passado por alunas e alunos da Escola Jesuíno Antonio D' Ávila, durante atividade do Mosaico Popular.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

CONVITE!

Qual o papel do Movimento Estudantil na construção da Reforma Política?
No próximo domingo, 18 de maio, estudantes da UPE, FACAPE, UNIVASF, UNEB, Aplicação e CPM estarão realizando a primeira formação de formadoras e formadores para a campanha do Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político do Campus Universitário de Petrolina.
Com o objetivo de discutir a reforma do Sistema Político e multiplicar a Campanha do Plebiscito Popular entre os estudantes, um novo comitê será lançado para que as atividades de formação continuem até a semana da pátria.
A programação acontecerá na UPE Campus Petrolina, no pavilhão de História do prédio antigo a partir das 9 horas e contará com uma mesa sobre o que é o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, GDs sobre as pautas estudantis da região e suas implicações na construção do Sistema Político e debate sobre as minorias oprimidas e suas histórias de luta.
Quem tiver interesse de somar forças à essa construção pode procurar os representantes do DCE da Facape, CAHIS da UPE e o Mosaico Popular, ou enviar email para mosaicopopular@gmail.com. 
Precisamos de confirmação prévia para garantir alimentação para todas as formadoras e todos formadores. Vagas limitadas!


sábado, 10 de maio de 2014

O índio e o seu lugar.

Hoje o Mosaico Popular em sua atividade na Escola Jesuíno Antônio D’Ávila discutiu sobre as violências contra os indígenas. Foi exibido o curta “ZAHY - uma fábula sobre o Maracanã” que fala sobre aldeia criada ao lado do Maracanã, no antigo Museu do Índio, no Rio de Janeiro, que está ameaçado de demolição. Os indígenas de mais de dez etnias lutam desde os anos 80 para que seja criado ali a primeira Universidade das Culturas indígenas do Brasil. No entanto, o Governo do Estado prevê a construção de Shopping para atender os turistas da copa.
Debatemos como desde o início da colonização os índios foram sendo retirados de suas terras e como até hoje isso acontece. Dentro do curta existe um poema que fala sobre as opressões que os indígenas sofreram e ainda sofrem. O poema se encerra da seguinte forma: “Mas vou continuar, continuarA engolir teu coração, os pés e o vosso nome.”
Depois do debate foi produzido um cordel pelas Alunas presentes. 
Abaixo disponibilizamos o curta e o cordel.





O índio e o seu lugar

Eu não sei rimar
Mas vou contar
A história que aqui vai desenrolar
O índio não vai ter onde morar
Vão ser expulsos do seu lar

Os portugueses vão chegar
Querendo tudo dominar
Trazendo doenças, destruindo um povo
Dizendo que queriam civilizar

A história não para por aí
Agora tão querendo construir
Um grande prédio no seu lar
Para os turistas da copa visitar

Pois aqui então, fica uma opinião
Não tire os índios do seu lugar não
Vamos parar de engolir essa nação

Nathielly Reis, Rayane Rodrigues, Rayla Rodrigues 

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Você pode fazer justiça com as próprias mãos!

Você pode sim fazer justiça com as próprias mãos. 
Aliás, vocês sabiam que o poder emana do povo?!
Pois é. Diariamente a sociedade que vocês vivem precisa de vocês, de cidadãos protagonistas de sua construção. 
Precisa que vocês atuem fiscalizando as ações dos políticos, o funcionamento das instituições públicas, o atendimento dos servidores públicos. 
Vocês podem evitar jogar lixo na rua, pode lutar por acessibilidade no local que trabalha e mora, pode conversar com os amigos - em um encontro de bar mesmo - sobre a naturalização das opressões. 
Pode lutar pela efetivação do funcionamento de delegacias da Mulher 24 horas por dia, pode ensinar seus filhos, sobrinhos, afilhados que a cor da pele precisa ser respeitada e não é característica que permite inferiorizar alguém, pode ensinar que homossexuais merecem ser respeitados e que suas escolhas não o fazem inferiores. 
Precisa espalhar a ideia de que ser trans, bi, travesti não muda o tratamento que devem receber onde quer que estejam. 
Que a prostituição é uma violência contra mulher. 
Que igualdade de gênero não é o ideal, apenas na perspectiva de equidade. 
Vocês podem espalhar por aí que o direito ao acesso à saúde e educação de qualidade é para todos.

- Eu não tenho como fazer tudo isso, é muito difícil!

Difícil?
Difícil é ver Amarildos, Claúdias, Josés, Fabianas, Alailtons, Marcelos serem assassinados!
Desnaturalizar as opressões é a tarefa mais difícil dessa geração contemporânea que carrega crises existenciais sobre diversos aspectos do que é viver e dividir espaços com outros sujeitos. 
Os próprios "avanços" que ela conquista oprimem, segregam seres humanos todos os dias. Todos os dias morremos por causa da fome, do ódio, da falta de educação, da falta de segurança. 
Morremos porque somos mulheres, porque abortamos, porque somos negros, porque andamos sem camisa, porque somos homossexuais, porque somos travestis, transsexuais, trabalhadores.
Morremos porque fazemos "justiça" com as próprias mãos sem mudar nossas realidades.
Espancar alguém até a morte, para mim, não é fazer justiça!
Fazer justiça, para mim, é lutar  d i a r i a m e n t e para que a realidade mude, para quê as maiorias sejam respeitadas, para que o direito de ir e vir exista. 
Não achem que para desnaturalizar as opressões precisamos de muitas armas e instrumentos pesados.
Precisamos de coisas essenciais que vivem na gente: respeito, empatia, vontade de viver em um mundo menos opressor. 
Não, não vou falar amor ao próximo porque ninguém é obrigada a amar ninguém, mas respeitar é um direito seu que não deve ser negado a ninguém. 
Faça justiça com as próprias mãos agora, mas não sendo participantes e cúmplices de assassinatos! 
Multiplique vida, multiplique respeito!

"CONTINUAREMOS EM LUTA ATÉ QUE TODAS E TODOS SEJAMOS LIVRES!"

Jonalva Paranã

terça-feira, 25 de março de 2014

Multiplicação: sobre o Plebiscito por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político.



Multiplicação! Pensar a reforma constituinte é falar de um povo que a há muito tempo tem os seus direitos negligenciados pelo poder público. As manifestações que foram às ruas do país em 2013 foram demonstrações de insatisfação dos cidadãos com a falta de organização da sociedade brasileira. Organização essa que vem sendo pautada por inúmeros movimentos sociais de esquerda.
Movimentos que pautam o projeto popular como alternativa para avanços na organização social.
Há anos muitas construções têm caminhado e para elas muitos espaços de formação têm sido promovidos com a finalidade de empoderar os militantes da cidade e do campo sobre seus direitos. A juventude tem sido sempre convocada para participar desses momentos de troca de conhecimento para agregar as lutas.
O que pudemos aprender nos espaços de formação que compartilhamos com os companheiros dos movimentos sociais de esquerda é que precisamos lutar por igualdade, a igualdade equivalente à equidade - para ressaltar, aquela que garante que todos os cidadãos tenham as mesmas oportunidades e que suas condições individuais sejam respeitadas.
Precisamos de reforma agrária, de menos agrotóxicos, de mulheres no poder. Precisamos lutar para que as violências racial e sexual acabem. Precisamos lutar por uma educação de mais qualidade, lutar para que as universidades cumpram seus papéis sociais.
É! Precisamos lutar!
E sabemos que os obstáculos para pautar nossas lutas são e serão inúmeros.
Não caímos de paraquedas no lançamento do Plebiscito. Há muito tempo deixamos de nos aventurar nas nossas bolhas e passamos a ter empatia pelo povo. Pelo povo oprimido, pelo povo excluído. Pelo povo que sustenta nossa sociedade, pelo povo que dá vida à dinâmica do sistema capitalista, que financia nossa formação superior almejando estar ocupando nossos lugares. Pelo povo que morre de câncer sem nem imaginar que aqueles produtos que usam na agricultura são tão prejudiciais às suas vidas.
Sabemos da importância que uma reforma política tem para a vida das pessoas, inclusive daquelas que não tem a mesma oportunidade que a gente tem, uma elite intelectual que tem hoje a possibilidade de pensar o que queremos que Brasília semeie.
Sabemos que uma reforma política não mudará imediatamente a vida dos oprimidos e nem garantirá que os opressores reconheçam o lugar que ocupam, pois, foi nesses espaços de formação que compreendemos a importância do trabalho de base. E é esta importância, é essa necessidade que nos faz construir o Mosaico Popular.
Julgam-nos muito dizendo que queremos implantar a ditadura do socialismo e não contextualizamos o medo que eles têm de dividir os bens e os luxos. Não compreendemos que precisamos ocupar as escolas, as associações de bairros, as ONGs, os campos, as periferias. Compramos um discurso de que "precisamos pintar a universidade de povo" sem mesmo saber direito se essa é a única possibilidade que o povo pauta. Vangloriamos a luta dos garis do Rio de Janeiro e esquecemos que eles não se organizaram dentro das universidades públicas.
Apoiamos grandes manifestações que as maiorias – chamadas erroneamente de minorias - promovem depois da luta articulada e se que paramos para fazer trabalho de base com nós mesmo, não temos tido tempo para entender o que é identidade, o que é direito, o que é lei, o que é ser um humano neste país.
Companheiros, algumas sementes foram plantadas dentro de nós. E quando pensamos nessas sementes poderíamos citar grandes companheiros que marcaram a História do mundo, mas hoje falaremos do que temos em nossos corações.
Nos nossos corações cultivamos a esperança de que todas as formas de opressão irão acabar, e que nossos filhos e netos já verão essas transformações. Cultivamos a força para que mesmo diante das contradições não nos falte coragem de lutar.
Cultivamos o companheirismo para que não nos falte afeto e apoio durante essa árdua caminhada por uma sociedade justa.
Cultivamos o amor, aquele amor que Che Guevara nos aconselhou que não perdêssemos nem mesmo diante do desgaste da luta e que Paulo Freire denominou como "intercomunicação íntima de duas consciências que se respeitam.".
Esse amor que temos pelos companheiros de luta e por todo povo oprimido - sabendo que os opressores também são humanos oprimidos pela condição neoliberalista.
Depositamos nas discussões que serão disparadas com a campanha a favor da reforma política nossas energias para ver o mundo mudar. Acreditamos que se inicia uma nova época, mais uma nova época, esta muito mais próxima da bem estar social, pois essa propõe uma metodologia peculiar: trabalho de base. A proposta enche nossos olhos de vida e expectativas positivas, pois estamos falando de uma nova possibilidade de construir o Brasil que queremos em conjunto.
São esses e muitos outros os motivos que fazem o Mosaico Popular ter interesse de compor essa construção! Repetimos, estamos aqui pelo povo oprimido que neste momento sofre vários tipos de violação de direitos, direitos de existir, de sobreviver, de ser.
Há braços!

sábado, 15 de março de 2014

Mosaico em atividade: Mulheres.

Nos últimos sábado, 8 e 15 de marco, estivemos na Escola Jesuíno Dávila discutindo as várias opressões que as mulheres vivem neste mundo machistas.
Começamos no dia 8 de março, dia de luta das mulheres, com a apresentação de um Teatro do Oprimido que também teve como público mulheres que estão matriculadas nos cursos do Chapéu de Palha - oferecidos na escola. 
O roteiro do dia tratava da inversão de valores e retratava uma família onde os homens eram os oprimidos. Várias foram as contribuições das mulheres presentes, inclusive com participação-intervenção durante a apresentação do roteiro.
Pudemos dialogar com mulheres as opressões diárias que elas vivenciam e, sem dúvida, provocamos grandes reflexões acerca do cotidiano delas. 
Depois da apresentação, partimos para o debate com os jovens do Mosaico! Uma roda de conversa muito produtiva que discutiu o papel social e político da mulher e a importância de garantir a igualdade de Direitos.
Ontem, 15 de março, continuamos nossas atividades ainda discutindo o papel da mulher na sociedade. Compartilhamos nesta postagem o curta Era uma vez Outra Maria e a música Mulheres Negras, composta por Eduardo - Facção Central e interpretada por Yzalú, que embasaram a elaboração de um fanzine que será distribuído na escola nas próximas semanas - logo mais postaremos a produção do fanzine.
O curta mostra as imposições que a sociedade machista coloca na vida das mulheres através de um lápis. Maria, a personagem principal, tenta escrever sua história mostrando a igualdade entre homens e mulher e o lápis vai modificando as escolhas de Maria de acordo com as leis Machistas.
A letra da música segue abaixo e, por provocar inúmeras reflexões, abriremos mão de descrevê-la! 



Mulheres Negras 

 Enquanto o couro do chicote cortava a carne, 
A dor metabolizada fortificava o caráter; 
A colônia produziu muito mais que cativos, 
Fez heroínas que pra não gerar escravos matavam os filhos; 
Não fomos vencidas pela anulação social, 
Sobrevivemos à ausência na novela, no comercial; 
O sistema pode até me transformar em empregada, 
Mas não pode me fazer raciocinar como criada; 
Enquanto mulheres convencionais lutam contra o machismo, 
As negras duelam pra vencer o machismo, 
O preconceito, o racismo; 
Lutam pra reverter o processo de aniquilação 
Que encarcera afros descendentes em cubículos na prisão; 
Não existe lei maria da penha que nos proteja, 
Da violência de nos submeter aos cargos de limpeza; 
De ler nos banheiros das faculdades hitleristas, 
Fora macacos cotistas; 
Pelo processo branqueador não sou a beleza padrão, 
Mas na lei dos justos sou a personificação da determinação; 
Navios negreiros e apelidos dados pelo escravizador 
Falharam na missão de me dar complexo de inferior; 
Não sou a subalterna que o senhorio crê que construiu, 
Meu lugar não é nos calvários do brasil; 
Se um dia eu tiver que me alistar no tráfico do morro, 
É porque a lei áurea não passa de um texto morto;

Não precisa se esconder segurança, 
Sei que cê tá me seguindo, pela minha feição, minha trança; 

Sei que no seu curso de protetor de dono praia, 

Ensinaram que as negras saem do mercado 

Com produtos em baixo da saia; 
Não quero um pote de manteiga ou um xampu, 
Quero frear o maquinário que me dá rodo e uru; 
Fazer o meu povo entender que é inadmissível, 
Se contentar com as bolsas estudantis do péssimo ensino; 
Cansei de ver a minha gente nas estatísticas, 
Das mães solteiras, detentas, diaristas. 
O aço das novas correntes não aprisiona minha mente, 
Não me compra e não me faz mostrar os dentes; 
Mulher negra não se acostume com termo depreciativo, 
Não é melhor ter cabelo liso, nariz fino; 
Nossos traços faciais são como letras de um documento, 
Que mantém vivo o maior crime de todos os tempos; 
Fique de pé pelos que no mar foram jogados, 
Pelos corpos que nos pelourinhos foram descarnados. 
Não deixe que te façam pensar que o nosso papel na pátria 
É atrair gringo turista interpretando mulata; 
Podem pagar menos pelos os mesmos serviços, 
Atacar nossas religiões, acusar de feitiços; 
Menosprezar a nossa contribuição na cultura brasileira, 
Mas não podem arrancar o orgulho de nossa pele negra;


Mulheres negras são como mantas kevlar, 

Preparadas pela vida para suportar; 

O racismo, os tiros, o eurocentrismo, 

Abalam mais não deixam nossos neurônios cativos.




sexta-feira, 7 de março de 2014

8 de março, dia de LUTA das mulheres.

Mesmo com os grandes avanços relacionados a vida social, conquistados pelas mulheres, ainda vivemos em um sociedade que negligencia seu direito de ser. Historicamente conhecemos o quanto as mulheres foram exploradas de diferentes formas e em diferentes culturas. Foram reconhecidas como sexo frágil, dona do lar, responsável pela educação dos filhos, objetos de prazer sexual dos homens - sendo fetiche mesmo quando se relacionavam com outras mulheres. Não participavam da vida social, das decisões políticas, seus cargos profissionais - quando tinham - eram em espaços muito bem delimitados, em sua maioria, relacionados ao cuidado.

O dia 8 de março vai se aproximando e o que vemos é mais exploração da mulher  nas propagandas que alimentam o ciclo do sistema capitalista. Para o mundo neoliberal o 8 de março é mais uma data comemorativa, mais uma data para relembrar às mulheres quais são os seus papéis na sociedade, papéis que foram determinados pelo patriarcado. É por esses e outros tantos motivos que mulheres de todo o mundo lutam, diariamente, por seus direitos.

Não é somente a violência experimentada pelas mulheres daquela fábrica em 1857 que impulsionou os movimentos feministas a estarem nas ruas em luta pelo empoderamento e protagonização da mulher. Desde muito pequenas nós, mulheres, somos oprimidas através da educação patriarcal que nossas famílias reproduzem: nos ensinam a ter um comportamento de "mocinha", nos dão as tarefas do lar para executar desde muito novas, nos motivam a querer profissões relacionadas ao cuidado e relacionadas ao feminino patriarcal.

Crescemos em ambientes que nos reprimem por sermos mulheres fazendo classificações sexistas para todas as atividades que executamos. Na escola somos separadas dos meninos, em casa não dormimos com nossos irmãos. Nossos brinquedos tem a cor rosa, a funcionalidade de reproduzir nossos afazeres do núcleo familiar e não podemos praticar esportes "de homem".

Na adolescência temos nossa sexualidade negligenciada por uma sociedade patriarcal, capitalista, racista e lesbofóbica. Iniciamos a vida afetiva-sexual com meninos que foram ensinados a apoderar-se dos nossos corpos e se sentem no direito de nos classificar entre mulheres que são para "curtir" e mulheres que são para "casar". Quando nossas identidades sexuais são identificadas como homossexual somos oprimidas hora sendo excluídas, marginalizadas, hora sendo fetiche masculino.

Sem contar na violência doméstica que mata TODOS  os dias. Violência que é naturalizada, uma vez que essa sociedade foi ensinada a acreditar que mulheres são posses masculinas. Inclusive aquela mulher que "anda de bobeira na rua, com saia curta e decote".

É acreditando que há necessidade de garantir a igualdade de direito entre todas as mulheres que o Mosaico Popular, em suas atividades, levantará discussões sobre a violência praticada pelo machismo patriarcal e sexista que discrimina as mulheres dos homens e viola os direitos que as mulheres possuem de atuar na sociedade que compõe, em diferentes esferas da construção social.

Nós mulheres temos o direito de ser o que escolhemos e não podemos aceitar que esse sistema continue ditando as regras de nossas existências.
Amanhã, 8 de março, é mais um dia de luta feminista!
E nós continuaremos em Luta até que TODAS sejamos LIVRES!

Jonalva Paranã