quarta-feira, 14 de maio de 2014

CONVITE!

Qual o papel do Movimento Estudantil na construção da Reforma Política?
No próximo domingo, 18 de maio, estudantes da UPE, FACAPE, UNIVASF, UNEB, Aplicação e CPM estarão realizando a primeira formação de formadoras e formadores para a campanha do Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político do Campus Universitário de Petrolina.
Com o objetivo de discutir a reforma do Sistema Político e multiplicar a Campanha do Plebiscito Popular entre os estudantes, um novo comitê será lançado para que as atividades de formação continuem até a semana da pátria.
A programação acontecerá na UPE Campus Petrolina, no pavilhão de História do prédio antigo a partir das 9 horas e contará com uma mesa sobre o que é o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, GDs sobre as pautas estudantis da região e suas implicações na construção do Sistema Político e debate sobre as minorias oprimidas e suas histórias de luta.
Quem tiver interesse de somar forças à essa construção pode procurar os representantes do DCE da Facape, CAHIS da UPE e o Mosaico Popular, ou enviar email para mosaicopopular@gmail.com. 
Precisamos de confirmação prévia para garantir alimentação para todas as formadoras e todos formadores. Vagas limitadas!


sábado, 10 de maio de 2014

O índio e o seu lugar.

Hoje o Mosaico Popular em sua atividade na Escola Jesuíno Antônio D’Ávila discutiu sobre as violências contra os indígenas. Foi exibido o curta “ZAHY - uma fábula sobre o Maracanã” que fala sobre aldeia criada ao lado do Maracanã, no antigo Museu do Índio, no Rio de Janeiro, que está ameaçado de demolição. Os indígenas de mais de dez etnias lutam desde os anos 80 para que seja criado ali a primeira Universidade das Culturas indígenas do Brasil. No entanto, o Governo do Estado prevê a construção de Shopping para atender os turistas da copa.
Debatemos como desde o início da colonização os índios foram sendo retirados de suas terras e como até hoje isso acontece. Dentro do curta existe um poema que fala sobre as opressões que os indígenas sofreram e ainda sofrem. O poema se encerra da seguinte forma: “Mas vou continuar, continuarA engolir teu coração, os pés e o vosso nome.”
Depois do debate foi produzido um cordel pelas Alunas presentes. 
Abaixo disponibilizamos o curta e o cordel.





O índio e o seu lugar

Eu não sei rimar
Mas vou contar
A história que aqui vai desenrolar
O índio não vai ter onde morar
Vão ser expulsos do seu lar

Os portugueses vão chegar
Querendo tudo dominar
Trazendo doenças, destruindo um povo
Dizendo que queriam civilizar

A história não para por aí
Agora tão querendo construir
Um grande prédio no seu lar
Para os turistas da copa visitar

Pois aqui então, fica uma opinião
Não tire os índios do seu lugar não
Vamos parar de engolir essa nação

Nathielly Reis, Rayane Rodrigues, Rayla Rodrigues 

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Você pode fazer justiça com as próprias mãos!

Você pode sim fazer justiça com as próprias mãos. 
Aliás, vocês sabiam que o poder emana do povo?!
Pois é. Diariamente a sociedade que vocês vivem precisa de vocês, de cidadãos protagonistas de sua construção. 
Precisa que vocês atuem fiscalizando as ações dos políticos, o funcionamento das instituições públicas, o atendimento dos servidores públicos. 
Vocês podem evitar jogar lixo na rua, pode lutar por acessibilidade no local que trabalha e mora, pode conversar com os amigos - em um encontro de bar mesmo - sobre a naturalização das opressões. 
Pode lutar pela efetivação do funcionamento de delegacias da Mulher 24 horas por dia, pode ensinar seus filhos, sobrinhos, afilhados que a cor da pele precisa ser respeitada e não é característica que permite inferiorizar alguém, pode ensinar que homossexuais merecem ser respeitados e que suas escolhas não o fazem inferiores. 
Precisa espalhar a ideia de que ser trans, bi, travesti não muda o tratamento que devem receber onde quer que estejam. 
Que a prostituição é uma violência contra mulher. 
Que igualdade de gênero não é o ideal, apenas na perspectiva de equidade. 
Vocês podem espalhar por aí que o direito ao acesso à saúde e educação de qualidade é para todos.

- Eu não tenho como fazer tudo isso, é muito difícil!

Difícil?
Difícil é ver Amarildos, Claúdias, Josés, Fabianas, Alailtons, Marcelos serem assassinados!
Desnaturalizar as opressões é a tarefa mais difícil dessa geração contemporânea que carrega crises existenciais sobre diversos aspectos do que é viver e dividir espaços com outros sujeitos. 
Os próprios "avanços" que ela conquista oprimem, segregam seres humanos todos os dias. Todos os dias morremos por causa da fome, do ódio, da falta de educação, da falta de segurança. 
Morremos porque somos mulheres, porque abortamos, porque somos negros, porque andamos sem camisa, porque somos homossexuais, porque somos travestis, transsexuais, trabalhadores.
Morremos porque fazemos "justiça" com as próprias mãos sem mudar nossas realidades.
Espancar alguém até a morte, para mim, não é fazer justiça!
Fazer justiça, para mim, é lutar  d i a r i a m e n t e para que a realidade mude, para quê as maiorias sejam respeitadas, para que o direito de ir e vir exista. 
Não achem que para desnaturalizar as opressões precisamos de muitas armas e instrumentos pesados.
Precisamos de coisas essenciais que vivem na gente: respeito, empatia, vontade de viver em um mundo menos opressor. 
Não, não vou falar amor ao próximo porque ninguém é obrigada a amar ninguém, mas respeitar é um direito seu que não deve ser negado a ninguém. 
Faça justiça com as próprias mãos agora, mas não sendo participantes e cúmplices de assassinatos! 
Multiplique vida, multiplique respeito!

"CONTINUAREMOS EM LUTA ATÉ QUE TODAS E TODOS SEJAMOS LIVRES!"

Jonalva Paranã

terça-feira, 25 de março de 2014

Multiplicação: sobre o Plebiscito por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político.



Multiplicação! Pensar a reforma constituinte é falar de um povo que a há muito tempo tem os seus direitos negligenciados pelo poder público. As manifestações que foram às ruas do país em 2013 foram demonstrações de insatisfação dos cidadãos com a falta de organização da sociedade brasileira. Organização essa que vem sendo pautada por inúmeros movimentos sociais de esquerda.
Movimentos que pautam o projeto popular como alternativa para avanços na organização social.
Há anos muitas construções têm caminhado e para elas muitos espaços de formação têm sido promovidos com a finalidade de empoderar os militantes da cidade e do campo sobre seus direitos. A juventude tem sido sempre convocada para participar desses momentos de troca de conhecimento para agregar as lutas.
O que pudemos aprender nos espaços de formação que compartilhamos com os companheiros dos movimentos sociais de esquerda é que precisamos lutar por igualdade, a igualdade equivalente à equidade - para ressaltar, aquela que garante que todos os cidadãos tenham as mesmas oportunidades e que suas condições individuais sejam respeitadas.
Precisamos de reforma agrária, de menos agrotóxicos, de mulheres no poder. Precisamos lutar para que as violências racial e sexual acabem. Precisamos lutar por uma educação de mais qualidade, lutar para que as universidades cumpram seus papéis sociais.
É! Precisamos lutar!
E sabemos que os obstáculos para pautar nossas lutas são e serão inúmeros.
Não caímos de paraquedas no lançamento do Plebiscito. Há muito tempo deixamos de nos aventurar nas nossas bolhas e passamos a ter empatia pelo povo. Pelo povo oprimido, pelo povo excluído. Pelo povo que sustenta nossa sociedade, pelo povo que dá vida à dinâmica do sistema capitalista, que financia nossa formação superior almejando estar ocupando nossos lugares. Pelo povo que morre de câncer sem nem imaginar que aqueles produtos que usam na agricultura são tão prejudiciais às suas vidas.
Sabemos da importância que uma reforma política tem para a vida das pessoas, inclusive daquelas que não tem a mesma oportunidade que a gente tem, uma elite intelectual que tem hoje a possibilidade de pensar o que queremos que Brasília semeie.
Sabemos que uma reforma política não mudará imediatamente a vida dos oprimidos e nem garantirá que os opressores reconheçam o lugar que ocupam, pois, foi nesses espaços de formação que compreendemos a importância do trabalho de base. E é esta importância, é essa necessidade que nos faz construir o Mosaico Popular.
Julgam-nos muito dizendo que queremos implantar a ditadura do socialismo e não contextualizamos o medo que eles têm de dividir os bens e os luxos. Não compreendemos que precisamos ocupar as escolas, as associações de bairros, as ONGs, os campos, as periferias. Compramos um discurso de que "precisamos pintar a universidade de povo" sem mesmo saber direito se essa é a única possibilidade que o povo pauta. Vangloriamos a luta dos garis do Rio de Janeiro e esquecemos que eles não se organizaram dentro das universidades públicas.
Apoiamos grandes manifestações que as maiorias – chamadas erroneamente de minorias - promovem depois da luta articulada e se que paramos para fazer trabalho de base com nós mesmo, não temos tido tempo para entender o que é identidade, o que é direito, o que é lei, o que é ser um humano neste país.
Companheiros, algumas sementes foram plantadas dentro de nós. E quando pensamos nessas sementes poderíamos citar grandes companheiros que marcaram a História do mundo, mas hoje falaremos do que temos em nossos corações.
Nos nossos corações cultivamos a esperança de que todas as formas de opressão irão acabar, e que nossos filhos e netos já verão essas transformações. Cultivamos a força para que mesmo diante das contradições não nos falte coragem de lutar.
Cultivamos o companheirismo para que não nos falte afeto e apoio durante essa árdua caminhada por uma sociedade justa.
Cultivamos o amor, aquele amor que Che Guevara nos aconselhou que não perdêssemos nem mesmo diante do desgaste da luta e que Paulo Freire denominou como "intercomunicação íntima de duas consciências que se respeitam.".
Esse amor que temos pelos companheiros de luta e por todo povo oprimido - sabendo que os opressores também são humanos oprimidos pela condição neoliberalista.
Depositamos nas discussões que serão disparadas com a campanha a favor da reforma política nossas energias para ver o mundo mudar. Acreditamos que se inicia uma nova época, mais uma nova época, esta muito mais próxima da bem estar social, pois essa propõe uma metodologia peculiar: trabalho de base. A proposta enche nossos olhos de vida e expectativas positivas, pois estamos falando de uma nova possibilidade de construir o Brasil que queremos em conjunto.
São esses e muitos outros os motivos que fazem o Mosaico Popular ter interesse de compor essa construção! Repetimos, estamos aqui pelo povo oprimido que neste momento sofre vários tipos de violação de direitos, direitos de existir, de sobreviver, de ser.
Há braços!

sábado, 15 de março de 2014

Mosaico em atividade: Mulheres.

Nos últimos sábado, 8 e 15 de marco, estivemos na Escola Jesuíno Dávila discutindo as várias opressões que as mulheres vivem neste mundo machistas.
Começamos no dia 8 de março, dia de luta das mulheres, com a apresentação de um Teatro do Oprimido que também teve como público mulheres que estão matriculadas nos cursos do Chapéu de Palha - oferecidos na escola. 
O roteiro do dia tratava da inversão de valores e retratava uma família onde os homens eram os oprimidos. Várias foram as contribuições das mulheres presentes, inclusive com participação-intervenção durante a apresentação do roteiro.
Pudemos dialogar com mulheres as opressões diárias que elas vivenciam e, sem dúvida, provocamos grandes reflexões acerca do cotidiano delas. 
Depois da apresentação, partimos para o debate com os jovens do Mosaico! Uma roda de conversa muito produtiva que discutiu o papel social e político da mulher e a importância de garantir a igualdade de Direitos.
Ontem, 15 de março, continuamos nossas atividades ainda discutindo o papel da mulher na sociedade. Compartilhamos nesta postagem o curta Era uma vez Outra Maria e a música Mulheres Negras, composta por Eduardo - Facção Central e interpretada por Yzalú, que embasaram a elaboração de um fanzine que será distribuído na escola nas próximas semanas - logo mais postaremos a produção do fanzine.
O curta mostra as imposições que a sociedade machista coloca na vida das mulheres através de um lápis. Maria, a personagem principal, tenta escrever sua história mostrando a igualdade entre homens e mulher e o lápis vai modificando as escolhas de Maria de acordo com as leis Machistas.
A letra da música segue abaixo e, por provocar inúmeras reflexões, abriremos mão de descrevê-la! 



Mulheres Negras 

 Enquanto o couro do chicote cortava a carne, 
A dor metabolizada fortificava o caráter; 
A colônia produziu muito mais que cativos, 
Fez heroínas que pra não gerar escravos matavam os filhos; 
Não fomos vencidas pela anulação social, 
Sobrevivemos à ausência na novela, no comercial; 
O sistema pode até me transformar em empregada, 
Mas não pode me fazer raciocinar como criada; 
Enquanto mulheres convencionais lutam contra o machismo, 
As negras duelam pra vencer o machismo, 
O preconceito, o racismo; 
Lutam pra reverter o processo de aniquilação 
Que encarcera afros descendentes em cubículos na prisão; 
Não existe lei maria da penha que nos proteja, 
Da violência de nos submeter aos cargos de limpeza; 
De ler nos banheiros das faculdades hitleristas, 
Fora macacos cotistas; 
Pelo processo branqueador não sou a beleza padrão, 
Mas na lei dos justos sou a personificação da determinação; 
Navios negreiros e apelidos dados pelo escravizador 
Falharam na missão de me dar complexo de inferior; 
Não sou a subalterna que o senhorio crê que construiu, 
Meu lugar não é nos calvários do brasil; 
Se um dia eu tiver que me alistar no tráfico do morro, 
É porque a lei áurea não passa de um texto morto;

Não precisa se esconder segurança, 
Sei que cê tá me seguindo, pela minha feição, minha trança; 

Sei que no seu curso de protetor de dono praia, 

Ensinaram que as negras saem do mercado 

Com produtos em baixo da saia; 
Não quero um pote de manteiga ou um xampu, 
Quero frear o maquinário que me dá rodo e uru; 
Fazer o meu povo entender que é inadmissível, 
Se contentar com as bolsas estudantis do péssimo ensino; 
Cansei de ver a minha gente nas estatísticas, 
Das mães solteiras, detentas, diaristas. 
O aço das novas correntes não aprisiona minha mente, 
Não me compra e não me faz mostrar os dentes; 
Mulher negra não se acostume com termo depreciativo, 
Não é melhor ter cabelo liso, nariz fino; 
Nossos traços faciais são como letras de um documento, 
Que mantém vivo o maior crime de todos os tempos; 
Fique de pé pelos que no mar foram jogados, 
Pelos corpos que nos pelourinhos foram descarnados. 
Não deixe que te façam pensar que o nosso papel na pátria 
É atrair gringo turista interpretando mulata; 
Podem pagar menos pelos os mesmos serviços, 
Atacar nossas religiões, acusar de feitiços; 
Menosprezar a nossa contribuição na cultura brasileira, 
Mas não podem arrancar o orgulho de nossa pele negra;


Mulheres negras são como mantas kevlar, 

Preparadas pela vida para suportar; 

O racismo, os tiros, o eurocentrismo, 

Abalam mais não deixam nossos neurônios cativos.




sexta-feira, 7 de março de 2014

8 de março, dia de LUTA das mulheres.

Mesmo com os grandes avanços relacionados a vida social, conquistados pelas mulheres, ainda vivemos em um sociedade que negligencia seu direito de ser. Historicamente conhecemos o quanto as mulheres foram exploradas de diferentes formas e em diferentes culturas. Foram reconhecidas como sexo frágil, dona do lar, responsável pela educação dos filhos, objetos de prazer sexual dos homens - sendo fetiche mesmo quando se relacionavam com outras mulheres. Não participavam da vida social, das decisões políticas, seus cargos profissionais - quando tinham - eram em espaços muito bem delimitados, em sua maioria, relacionados ao cuidado.

O dia 8 de março vai se aproximando e o que vemos é mais exploração da mulher  nas propagandas que alimentam o ciclo do sistema capitalista. Para o mundo neoliberal o 8 de março é mais uma data comemorativa, mais uma data para relembrar às mulheres quais são os seus papéis na sociedade, papéis que foram determinados pelo patriarcado. É por esses e outros tantos motivos que mulheres de todo o mundo lutam, diariamente, por seus direitos.

Não é somente a violência experimentada pelas mulheres daquela fábrica em 1857 que impulsionou os movimentos feministas a estarem nas ruas em luta pelo empoderamento e protagonização da mulher. Desde muito pequenas nós, mulheres, somos oprimidas através da educação patriarcal que nossas famílias reproduzem: nos ensinam a ter um comportamento de "mocinha", nos dão as tarefas do lar para executar desde muito novas, nos motivam a querer profissões relacionadas ao cuidado e relacionadas ao feminino patriarcal.

Crescemos em ambientes que nos reprimem por sermos mulheres fazendo classificações sexistas para todas as atividades que executamos. Na escola somos separadas dos meninos, em casa não dormimos com nossos irmãos. Nossos brinquedos tem a cor rosa, a funcionalidade de reproduzir nossos afazeres do núcleo familiar e não podemos praticar esportes "de homem".

Na adolescência temos nossa sexualidade negligenciada por uma sociedade patriarcal, capitalista, racista e lesbofóbica. Iniciamos a vida afetiva-sexual com meninos que foram ensinados a apoderar-se dos nossos corpos e se sentem no direito de nos classificar entre mulheres que são para "curtir" e mulheres que são para "casar". Quando nossas identidades sexuais são identificadas como homossexual somos oprimidas hora sendo excluídas, marginalizadas, hora sendo fetiche masculino.

Sem contar na violência doméstica que mata TODOS  os dias. Violência que é naturalizada, uma vez que essa sociedade foi ensinada a acreditar que mulheres são posses masculinas. Inclusive aquela mulher que "anda de bobeira na rua, com saia curta e decote".

É acreditando que há necessidade de garantir a igualdade de direito entre todas as mulheres que o Mosaico Popular, em suas atividades, levantará discussões sobre a violência praticada pelo machismo patriarcal e sexista que discrimina as mulheres dos homens e viola os direitos que as mulheres possuem de atuar na sociedade que compõe, em diferentes esferas da construção social.

Nós mulheres temos o direito de ser o que escolhemos e não podemos aceitar que esse sistema continue ditando as regras de nossas existências.
Amanhã, 8 de março, é mais um dia de luta feminista!
E nós continuaremos em Luta até que TODAS sejamos LIVRES!

Jonalva Paranã

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Somos o Mosaico Popular na Escola Jesuíno

“Nós somos o Mosaico Popular”, assim era nossa apresentação na Escola Estadual Jeuíno D’Àvilla, nosso primeiro contato com os alunos nos quais pretendemos trabalhar.Nossas reuniões, antes de chegar na escola, circundavam uma grande ansiedade e preocupação: Como vamos chegar na escola? O que iremos falar no primeiro contato? Que assunto abordar? Política? Educação? Não sabíamos o que nos aguardava. Fomos, entramos, conversamos. Apresentamos-nos como coletivo e com nossos nomes, queríamos estabelecer um primeiro vínculo e calcular cada palavra que seria dita para que nossa proposta não fosse rejeitada na primeira oportunidade, na verdade, para não falar bobagem diante de um público desconhecido.
E o melhor era ver a curiosidade dos alunos sobre o que estávamos fazendo ali.
 Sim, tivemos a atenção deles. Pudemos, em poucos minutos, no primeiro contato, falar sobre educação, política, sexualidade, feminismo, machismo, homossexualidade, bullying, problemas sociais, estrutura da nossa sociedade. Estávamos abrindo espaço para o que é teoria ser transformado em prática, falamos sobre quais eram nossos objetivos. Vimos que além de curiosidade tinha também interesse. Sabemos que irão alunos e alunas com visões e problemas diferentes (sabemos também que uma sala com 40 alunos é sempre assim) e sabemos que encontraremos problemas na forma de conduzir as discussões – a lógica opressora é muito enraizada, sabemos que o esforço será grande, sabemos que o prazer será maior, sabemos que mudaremos de uma forma ou de outra a forma de ver o mundo destas crianças e jovens que querem e precisam rever conceitos e visões de mundo numa linguagem mais próxima. Um passo foi dado, agora nos cabe estruturar mais ainda nossos objetivos, estruturar, pensar, repensar, organizar e finalmente praticá-los. Assim como fomos bem recebidos, desde o primeiro contato com a direção da escola, queremos receber estes alunos e nos esforçar para além de um belo trabalho, fazermos uma bela lição, discutir opressões e tentar/fazer com que saiamos com o sentimento fortalecido de que o Mosaico Popular esta fazendo a parte dele, multiplicando agentes, para uma sociedade mais justa e igualitária.

Pedro Rogerio







quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Discutindo Identidade de Gênero: um caminho para o respeito as diferenças.

O coletivo “Mosaico Popular”, em suas mais variadas atividades, tem por principal objetivo intervir em busca de uma sociedade livre de toda forma de opressão, onde o povo seja protagonista de suas conquistas a partir de uma formação emancipadora. Acreditamos que o Trabalho de Base é fundamental para construção dessa sociedade. Várias são as repressões sofridas no atual sistema, discriminação por classe social, cor, sexualidade, religião. É preciso que o trabalho realizado na base trate de temas que envolvem todo esse sistema opressor.
          Para que haja um despertamento sobre as variadas formas de opressão, é fundamental que exista uma discussão aprofundada sobre as identidades de cada sujeito e suas subjetividades. Nesse texto, queremos expor uma breve reflexão sobre Identidade de Gênero e as formas de discriminação sofridas por indivíduos que não se encaixam nos padrões sociais estabelecidos. Além disso, pretendemos discutir – de forma sucinta - o papel da escola diante dessas subjetividades e a responsabilidades pela formação de cidadãos conscientes de que as diferenças precisam ser respeitadas.
Para iniciar nossa reflexão é importante definirmos o que seria essa Identidade de Gênero. Há uma confusão entre identidade sexual e de gênero, muitas vezes são pensadas de forma equivalente, mas não são. Tentaremos explicar da melhor maneira.
         A identidade sexual está relacionada ao desejo que sentimos pelo outro, seja ele do sexo oposto, ou não. Já a identidade de gênero se refere aos sexos feminino e masculino. 
Quando falamos de sexo, referimos-nos apenas a dois sexos: homem e mulher, mas a temática de gênero é bem mais complexa, pois remete à constituição do sentimento individual de identidade. Para Stoller (1978), todo indivíduo tem um núcleo de identidade de gênero, que é um conjunto de convicções pelas quais se considera socialmente o que é masculino ou feminino.
 A escolha sexual não intervém na identidade de gênero do indivíduo, ou seja, um homem que se sinta atraído por homens não, necessariamente, deixa de se sentir homem. É importante destacar que, algumas pessoas não são compreendidas, pois nascem parecendo ser do sexo oposto ao seu, enquanto sua identidade de gênero não condiz com a aparência, e muitas vezes sofrem a incompreensão e outros tipos de violências.
Cada um de nós possui suas identidades e subjetividades, que estão constantemente sendo formadas a partir das experiências, o que ocorre é que mesmo que cada ser humano tenha consciência que é um ser subjetivo, o que acontece é que tendemos sempre a não compreender o outro.
Essa não compreensão pode gerar problemas graves, no caso de alguém que não se encaixa nos padrões heteronormativos, há problemas como a não-aceitação por parte da família, dos amigos, da escola, enfim, das principais instituições que compõe a sociedade. Existem aqueles que dizem não ter nada contra, mas se omitem em lutar pela causa; aqueles que preferem manter distância, sem procurar conhecimento; aqueles que chegam a violentar fisicamente essas pessoas. E ainda existe a violência mascarada, que atua através de piadinhas, olhares repressores, julgamentos preconceituosos, exclusão.
          Qual o papel da escola nesse contexto? O que acontece, na maioria dos casos, é que as escolas passam por cima das subjetividades de cada aluno, tratando-os como um todo, e esperando a “normalidade” de cada um. Quando os educadores se deparam com casos que fujam dos padrões estabelecidos, geralmente não sabem como agir nessa situação, se omitem ou tentam “ajudar” sem conhecimento sobre a realidade – sem metodologias que viabilizem discussões de empoderamento, de empatia, sem apoio profissional na composição da escola. Há casos que a ajuda oferecida é a tentativa de mostrar para o sujeito que ele precisa modificar seu comportamento para ser aceito, procurar a cura, ao invés de dar todo o apoio necessário.
Um caminho a ser traçado poderia pautar o trabalho de base que discutisse formas de identidade e participação na construção da sociedade, que mostrasse que cada sujeito tem como principal direito o respeito. Dialogar com os alunos sobre essas diferenças, fazendo um acumulo de conhecimento, surti um resultado, não imediato, mas de multiplicação de opiniões positivas. Trabalhar temas polêmicos em sala de aula pode ser frustrante, mas enquanto não tocarmos nesses assuntos e trabalha-los, tentando articular diferentes formas de diálogos, não iremos transformar as estatísticas que matam gays, lésbicas, travestis, transexuais e transgêneros. 
A escola precisa sair da queixa e arriscar metodologias que assumam seu papel enquanto formadora de cidadãos, que rompam com as limitações do contexto educacional e que, minimamente, reformule suas funções, já que as demandas que chegam nos corredores da escola são diversas.
Percebemos que, a partir do momento que a escola passar a debater temas como identidades - de gênero, de cor, de sexualidade, social, política – um novo caminho será traçado em busca de mudança social que paute o respeito pelas diferenças, e isso influenciará em outras transformações, como a maneira de cada indivíduo elaborar suas alternativas de atuar no mundo, refletir, concordar ou não com o senso comum e contribuir com as alternativas de superação.

Flávia Ribeiro.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Homofobia: O Incomodo do Poder do Amor



Nosso movimento pode ter iniciado como a luta de uma minoria mais o que devemos agora tentar  ’’liberar’’ é um aspecto das vidas pessoais de todos - a expressão sexual .
Jonh D’Emilio, “Capitalisn and gay identity”, p.229

A homofobia está relacionada à rejeição do outro por suas escolhas sexuais, é a repressão e hostilidade contra o desejo que o outro possa ter por uma pessoa do mesmo sexo, e que fuja dos padrões da família patriarcalista na sociedade. Assim como outras classes de minoria que são vistas como o diferente, fora do comum, os homossexuais adentram nessa estrutura de opressão que é demonstrada como homofobia.
     A primeira vez que surgiu essa palavra foi nos Estados Unidos na década de 70, onde começaram também os primeiros movimentos gays e lésbicos, sobre a liberação sexual. Mais foi a partir dos anos 90 que veio agregar os dicionários e dialogar com esse tema, junto com o movimento LGBT. Essa visão de que o gay, lésbica vai ser o inferior, o marginalizado, o irracional é uma tendência que ao longo dos anos vem sendo discutida. Não somente essas questões de análises de alteridade, mas a questão epistemológica mesmo, de entender o funcionamento do homossexualidade, suas origens e o por quê dessa provocação toda que ela causa. Dentro desses fatores, cabe colocar a questão política e problematizar a homofobia pensando em políticas de formação e aceitação. Como qualquer outra forma de desejo erótico e afeto, a homossexualidade é tão legitima quanto a heterossexualidade. Não se trata de uma hierarquização sexual, colocando a heterossexualidade como superior a qualquer outro tipo de orientação sexual - tal como a homossexualidade - inferior.
 A própria hierarquização sexual é uma homofobia social. A moral que se trata de vulgarização do gay e da lésbica, que seria rebaixá-los a situações ridículas, expondo eles à sociedade como ‘’anormais’’, e vai bem além disso, chegando a situações brutais, como estamos vivendo de certo tempo pra cá, a violência exacerbada contra eles. Esse medo de que os homossexuais sejam equivalentes e estejam conseguindo seu espaço, assusta a ordem heterossexual causando essa ação contraria, a algo que é legitimo e livre de sentir. Políticas para aprofundar esses debates, por exemplo na escola, pondo a homossexualidade como temas transversais é um avanço pra conscientização da sociedade.  
A escola tem que ter esse papel de orientar os alunos a entender essas novas manifestações sexuais, sociais que vem surgindo ao longo do tempo. A reprodução heteronormatizada pela família e pela escola, onde se reproduz muito isso, é um problema que deve ser revisto e orientado. Formação e diálogo com esses educadores e educadoras e com a família é válido e vai fazer a transformação. O que devemos defender além de todas essas questões conceituais e dados de pesquisas sobre a homofobia e a homossexualidade, é que existe o amor, o afeto que é algo pertencente a qualquer humano e da natureza dele. Subjugar @ outr@, por sua cor, raça, sexo, religião é negar a liberdade que tanto falamos que queremos e que temos conquistado. Mais que liberdade aprisionada é essa? Ao preconceito, à intolerância? A construção de todas essas questões deve ser de liberação ao outro e as suas escolhas. 

Kalline Laira.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Trabalho de Base e Educação Popular.

Para iniciar um projeto social é necessário apoderar-se do contexto que se propõe trabalhar.
Trabalho de Base e Educação Popular são instrumentos que dão suporte para a elaboração das atividades de coletivos que propõem intervenções em busca de uma sociedade possível, livre de toda forma de opressão e na qual o povo seja protagonista de suas conquistas a partir de uma formação emancipadora. Por que escolher esses dois caminhos?
A história do Brasil nos mostra que as grandes mobilizações e conquistas sociais estiveram sempre alicerçadas em diversas organizações de base que, ao seu modo, desenvolviam um olhar crítico de setores populares da sociedade acerca da conjuntura político-social. Nas últimas décadas, após o processo de "redemocratização" e, posteriormente, a ascensão de um governo populista, muito desta prática foi substituída por outras formas de intervenção dos movimentos organizados, principalmente na esfera institucional.
Acreditamos que a retomada do Trabalho de Base é um passo fundamental para o avanço das lutas por igualdade e justiça social. É através do Trabalho de Base que é possível conhecer as pautas que serão defendidas. Não somente de uma forma teórica e vertical, onde parcela da sociedade que tem "consciência" do processo de opressão dita as regras e as metodologias que transformarão as desigualdades sociais. Entender a dinâmica do sistema opressor, reconhecendo os mecanismos de opressão a partir da perspectiva prática e do contato, é o meio mais eficaz.
É importante, contudo, cuidar para que não nos coloquemos de forma travestida nos espaços que ocupamos para intervir. Sendo assim, o trabalho de base é um instrumento para a execução da Educação Popular. Transformando a informação em conhecimento emancipador e provocando nos sujeitos a auto-crítica sobre os interesses e objetivos do que lhes é transmitido, a Educação Popular cumprirá um papel de suma importância na busca utópica por uma sociedade igualitária, contrapondo-se aos modelos alienantes de “educação” que para nada mais servem do que produzir mão-de-obra para a manutenção do sistema capitalista.
Engajados nessa luta, somos o Mosaico Popular, um coletivo denominado a partir da conceituação do Moacir Gadotti de que a Educação Popular se dá em múltiplos espaços que alinhados formam um "mosaico" de luta por emancipação. O que as vezes pode parecer uma fragmentação da luta é, na realidade, uma coordenação de forças necessárias para a construção de uma base forte e pronta para fazer a mudança social em busca da equidade dos seres entre si e o meio.

Jonathas Levi dos Santos 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O Mosaico Popular.

"O Mosaico Popular é um grupo formado, inicialmente, por militantes do movimento estudantil dos cursos de História da UPE e de Psicologia da UNIVASF, que compuseram alguns espaços de luta das construções estudantis e sociais da região nos últimos dois anos. Entre elas o Curso de Realidade Brasileira, Articulações para melhoria da Mobilidade Urbana, Movimentos pelo Passe Livre, luta a favor da liberação do acesso à Ilha do Fogo.
A partir dos diálogos estabelecidos nestas construções, reflexões sobre a atual conjuntura da atuação da universidade na comunidade foram fomentadas, levando-nos à compreensão de que a universidade não cumpre seu papel de serviço à comunidade. O que temos observado é que essa tem se aproveitado da comunidade para sustentar o tripé Ensino, Pesquisa e Extensão, mas tem feito de uma maneira vertical onde os conhecimentos acadêmicos e a ciência produzida ficam somente a serviço da universidade.
Inquietações compartilhadas nos fizeram pensar como efetivar a nossa contribuição social enquanto militantes, compreendendo que o espaço de luta estudantil é o ponto de partida para assumir a nossa função social como profissionais em formação e em instituições públicas." C.C.