sábado, 15 de março de 2014

Mosaico em atividade: Mulheres.

Nos últimos sábado, 8 e 15 de marco, estivemos na Escola Jesuíno Dávila discutindo as várias opressões que as mulheres vivem neste mundo machistas.
Começamos no dia 8 de março, dia de luta das mulheres, com a apresentação de um Teatro do Oprimido que também teve como público mulheres que estão matriculadas nos cursos do Chapéu de Palha - oferecidos na escola. 
O roteiro do dia tratava da inversão de valores e retratava uma família onde os homens eram os oprimidos. Várias foram as contribuições das mulheres presentes, inclusive com participação-intervenção durante a apresentação do roteiro.
Pudemos dialogar com mulheres as opressões diárias que elas vivenciam e, sem dúvida, provocamos grandes reflexões acerca do cotidiano delas. 
Depois da apresentação, partimos para o debate com os jovens do Mosaico! Uma roda de conversa muito produtiva que discutiu o papel social e político da mulher e a importância de garantir a igualdade de Direitos.
Ontem, 15 de março, continuamos nossas atividades ainda discutindo o papel da mulher na sociedade. Compartilhamos nesta postagem o curta Era uma vez Outra Maria e a música Mulheres Negras, composta por Eduardo - Facção Central e interpretada por Yzalú, que embasaram a elaboração de um fanzine que será distribuído na escola nas próximas semanas - logo mais postaremos a produção do fanzine.
O curta mostra as imposições que a sociedade machista coloca na vida das mulheres através de um lápis. Maria, a personagem principal, tenta escrever sua história mostrando a igualdade entre homens e mulher e o lápis vai modificando as escolhas de Maria de acordo com as leis Machistas.
A letra da música segue abaixo e, por provocar inúmeras reflexões, abriremos mão de descrevê-la! 



Mulheres Negras 

 Enquanto o couro do chicote cortava a carne, 
A dor metabolizada fortificava o caráter; 
A colônia produziu muito mais que cativos, 
Fez heroínas que pra não gerar escravos matavam os filhos; 
Não fomos vencidas pela anulação social, 
Sobrevivemos à ausência na novela, no comercial; 
O sistema pode até me transformar em empregada, 
Mas não pode me fazer raciocinar como criada; 
Enquanto mulheres convencionais lutam contra o machismo, 
As negras duelam pra vencer o machismo, 
O preconceito, o racismo; 
Lutam pra reverter o processo de aniquilação 
Que encarcera afros descendentes em cubículos na prisão; 
Não existe lei maria da penha que nos proteja, 
Da violência de nos submeter aos cargos de limpeza; 
De ler nos banheiros das faculdades hitleristas, 
Fora macacos cotistas; 
Pelo processo branqueador não sou a beleza padrão, 
Mas na lei dos justos sou a personificação da determinação; 
Navios negreiros e apelidos dados pelo escravizador 
Falharam na missão de me dar complexo de inferior; 
Não sou a subalterna que o senhorio crê que construiu, 
Meu lugar não é nos calvários do brasil; 
Se um dia eu tiver que me alistar no tráfico do morro, 
É porque a lei áurea não passa de um texto morto;

Não precisa se esconder segurança, 
Sei que cê tá me seguindo, pela minha feição, minha trança; 

Sei que no seu curso de protetor de dono praia, 

Ensinaram que as negras saem do mercado 

Com produtos em baixo da saia; 
Não quero um pote de manteiga ou um xampu, 
Quero frear o maquinário que me dá rodo e uru; 
Fazer o meu povo entender que é inadmissível, 
Se contentar com as bolsas estudantis do péssimo ensino; 
Cansei de ver a minha gente nas estatísticas, 
Das mães solteiras, detentas, diaristas. 
O aço das novas correntes não aprisiona minha mente, 
Não me compra e não me faz mostrar os dentes; 
Mulher negra não se acostume com termo depreciativo, 
Não é melhor ter cabelo liso, nariz fino; 
Nossos traços faciais são como letras de um documento, 
Que mantém vivo o maior crime de todos os tempos; 
Fique de pé pelos que no mar foram jogados, 
Pelos corpos que nos pelourinhos foram descarnados. 
Não deixe que te façam pensar que o nosso papel na pátria 
É atrair gringo turista interpretando mulata; 
Podem pagar menos pelos os mesmos serviços, 
Atacar nossas religiões, acusar de feitiços; 
Menosprezar a nossa contribuição na cultura brasileira, 
Mas não podem arrancar o orgulho de nossa pele negra;


Mulheres negras são como mantas kevlar, 

Preparadas pela vida para suportar; 

O racismo, os tiros, o eurocentrismo, 

Abalam mais não deixam nossos neurônios cativos.




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