Nos últimos sábado, 8 e 15 de marco, estivemos na Escola Jesuíno Dávila discutindo as várias opressões que as mulheres vivem neste mundo machistas.
Começamos no dia 8 de março, dia de luta das mulheres, com a apresentação de um Teatro do Oprimido que também teve como público mulheres que estão matriculadas nos cursos do Chapéu de Palha - oferecidos na escola.
O roteiro do dia tratava da inversão de valores e retratava uma família onde os homens eram os oprimidos. Várias foram as contribuições das mulheres presentes, inclusive com participação-intervenção durante a apresentação do roteiro.
Pudemos dialogar com mulheres as opressões diárias que elas vivenciam e, sem dúvida, provocamos grandes reflexões acerca do cotidiano delas.
Depois da apresentação, partimos para o debate com os jovens do Mosaico! Uma roda de conversa muito produtiva que discutiu o papel social e político da mulher e a importância de garantir a igualdade de Direitos.
Ontem, 15 de março, continuamos nossas atividades ainda discutindo o papel da mulher na sociedade. Compartilhamos nesta postagem o curta Era uma vez Outra Maria e a música Mulheres Negras, composta por Eduardo - Facção Central e interpretada por Yzalú, que embasaram a elaboração de um fanzine que será distribuído na escola nas próximas semanas - logo mais postaremos a produção do fanzine.
O curta mostra as imposições que a sociedade machista coloca na vida das mulheres através de um lápis. Maria, a personagem principal, tenta escrever sua história mostrando a igualdade entre homens e mulher e o lápis vai modificando as escolhas de Maria de acordo com as leis Machistas.
O curta mostra as imposições que a sociedade machista coloca na vida das mulheres através de um lápis. Maria, a personagem principal, tenta escrever sua história mostrando a igualdade entre homens e mulher e o lápis vai modificando as escolhas de Maria de acordo com as leis Machistas.
A letra da música segue abaixo e, por provocar inúmeras reflexões, abriremos mão de descrevê-la!
Mulheres Negras
Enquanto o couro do chicote cortava a carne,
A dor metabolizada fortificava o caráter;
A colônia produziu muito mais que cativos,
Fez heroínas que pra não gerar escravos matavam os filhos;
Não fomos vencidas pela anulação social,
Sobrevivemos à ausência na novela, no comercial;
O sistema pode até me transformar em empregada,
Mas não pode me fazer raciocinar como criada;
Enquanto mulheres convencionais lutam contra o machismo,
As negras duelam pra vencer o machismo,
O preconceito, o racismo;
Lutam pra reverter o processo de aniquilação
Que encarcera afros descendentes em cubículos na prisão;
Não existe lei maria da penha que nos proteja,
Da violência de nos submeter aos cargos de limpeza;
De ler nos banheiros das faculdades hitleristas,
Fora macacos cotistas;
Pelo processo branqueador não sou a beleza padrão,
Mas na lei dos justos sou a personificação da determinação;
Navios negreiros e apelidos dados pelo escravizador
Falharam na missão de me dar complexo de inferior;
Não sou a subalterna que o senhorio crê que construiu,
Meu lugar não é nos calvários do brasil;
Se um dia eu tiver que me alistar no tráfico do morro,
É porque a lei áurea não passa de um texto morto;
Não precisa se esconder segurança,
Sei que cê tá me seguindo, pela minha feição, minha trança;
Sei que no seu curso de protetor de dono praia,
Ensinaram que as negras saem do mercado
Com produtos em baixo da saia;
Não quero um pote de manteiga ou um xampu,
Quero frear o maquinário que me dá rodo e uru;
Fazer o meu povo entender que é inadmissível,
Se contentar com as bolsas estudantis do péssimo ensino;
Cansei de ver a minha gente nas estatísticas,
Das mães solteiras, detentas, diaristas.
O aço das novas correntes não aprisiona minha mente,
Não me compra e não me faz mostrar os dentes;
Mulher negra não se acostume com termo depreciativo,
Não é melhor ter cabelo liso, nariz fino;
Nossos traços faciais são como letras de um documento,
Que mantém vivo o maior crime de todos os tempos;
Fique de pé pelos que no mar foram jogados,
Pelos corpos que nos pelourinhos foram descarnados.
Não deixe que te façam pensar que o nosso papel na pátria
É atrair gringo turista interpretando mulata;
Podem pagar menos pelos os mesmos serviços,
Atacar nossas religiões, acusar de feitiços;
Menosprezar a nossa contribuição na cultura brasileira,
Mas não podem arrancar o orgulho de nossa pele negra;
Mulheres negras são como mantas kevlar,
Preparadas pela vida para suportar;
O racismo, os tiros, o eurocentrismo,
Abalam mais não deixam nossos neurônios cativos.
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